contracepcao

Todos os contraceptivos orais combinados (etinilestradiol + algum tipo de progesterona) estão implicados na queda da libido, no desenvolvimento de adenomas hepáticos (tumor benigno do fígado), no aumento do risco para câncer de colo de útero, diabetes E trombose.

Quando a progesterona contida nessa pílula tem efeito anti-androgênico (diminui hormônios masculinos), sendo por isso prescrita para fins estéticos (reduz acne, pêlos no rosto e retenção de líquido), parece que é maior o risco de trombose. Esse é o caso dos contraceptivos citados pelas reportagens que tem feito muitas mulheres deixarem suas pílulas e questionarem os ginecologistas que as prescreveram. Pilulas mais recentes quadruplicam risco de trombose

A questão é que esse risco aumentado é sabido há muito tempo. Vale perguntar para seu médico, se o laboratório farmacêutico que deixou a amostra-grátis (que veio parar na sua mão) e o folheto de uma página, explicou esses riscos direitinho…seu médico sempre deveria avaliar o risco de trombose através de uma história minuciosa antes de prescrever esse tipo de medicamento, não sendo necessário nenhum exame laboratorial É indicado fazer exames antes de começar pilula anticoncepcional?

No entanto, ficar grávida pode aumentar ainda mais o risco de trombose, se essa for sua única preocupação. Então, calma…É verdade que apesar de ter sido realmente um grande avanço para as mulheres, discutem-se pouco os seus riscos e também as alternativas à contracepção hormonal.

O DIU de cobre goza de baixa reputação entre os ginecologistas, que encontram várias justificativas para não inserí-lo  e acabam desencorajando as mulheres a optarem por ele.  Dentre suas desvantagens: costuma aumentar o fluxo e as cólicas menstruais.  No entanto, constitui-se em ótima alternativa  para quem estes não são problemas e também para quem não se  importa com um método que é um pouco mais invasivo.

Ele exige uma conversa séria com o(s) parceiro(s), porque DSTs podem ascender pelo fio (que fica na vagina) e provocar a chamada doença inflamatória pélvica – uma infecção que pode ser grave se não identificada e tratada.  O ideal aliás seria sempre usar camisinha, com os parceiros novos e com os caras para quem já dizemos: “eu te amo” (como já sabemos!). O DIU pode ser colocado em consultório por médic@ de família na UBS ou por ginecologista.

É importante um exame físico antes de decidir por ele e uma avaliação por ultrassom para ver se ficou realmente bem posicionado. Ele confere contracepção por 10 anos e sua taxa de falha é bem pequena, 0,8% (ou seja, a cada 100 mulheres, em um ano de uso, menos de uma vai engravidar).

Taxa de falha para os diferentes métodos contraceptivos

O diafragma também é uma opção interessante. Seu uso é pouco comum entre as mulheres no Brasil apesar de bastante utilizado na Europa. Mas com a popularidade do copinho coletor de menstruação, já não parece um bicho de sete cabeças entre as pacientes, que tem cada vez mais buscado informações sobre ele.

Sua utilização é fácil desde que o tamanho seja adequado para você. Isso envolve encontrar um profissional que faça a medição (cobre d@s médic@s e serviços que você costuma frequentar!) e nem é preciso dizer como é difícil encontrar quem faça isso…como usar o diafragma

Ele deve ser inserido antes da relação e retirado somente 8h depois (tempo em que os espermatozóides já terão morrido com a acidez vaginal). As dúvidas envolvendo o diafragma são que o espermicida (nonoxinol) não é mais comercializado no Brasil (causava lesões vaginais) e sua taxa de falha um pouco alta comparada a outros métodos (12%). Minha sugestão é que as mulheres que gostariam de tentar esse método associem seu uso com o uso de camisinha durante o período fértil.

Mandala menstrual - você pode imprimir um dos vários modelos na internet para ir colocando as informações sobre seu ciclo
Mandala menstrual – você pode imprimir um dos vários modelos na internet para ir colocando as informações sobre seu ciclo

Reconhecer seu período fértil vai ser toda uma nova descoberta para quem usou pílula durante muito tempo. Você pode usar uma mandala menstrual para ajudar a fazer uma tabelinha mas mais seguro é usar o método sintotérmico, que associa a percepção do muco cervical a temperatura aferida todos os dias pela manhã.  Há alguns aplicativos que ajudam nessa tarefa (Kindara, Ovuview, Fertility Friend, Clue).

app

Para algumas mulheres a pílula continuará sendo uma boa opção. Há mulheres que não gostam de menstruar e outras que inclusive não podem por problemas de saúde. O mais importante é você sentir-se informada, segura e satisfeita com a escolha que está fazendo.

Halana Faria

Ginecologista e Obstetra

Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde

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0 resposta a “Parei a pílula e agora?”

  • Boa noite Dra Halana!
    Li todo o blog e adorei rsrs… Parabéns e obrigada por compartilhar conosco sua visão e seus conhecimentos sobre o corpo feminino!
    Gostaria de saber se vc atende em SP (gostaria de ser sua paciente rsrs) ou se poderia indicar algum ginecologista que conhecesse o ‘copinho’ e que pudesse auxiliar (de verdade rsrs) com outros métodos contraceptivos além da pílula.
    Obrigada!!
    Adriane

  • Olá, seus textos são ótimos!
    Gostaria de saber se você tem conhecimento de alguma ginecologista em Recife que tenha a mesma linha de estudo que você. Realmente é muito raro encontrar ginecologistas completas assim.
    Desde já muito obrigada!

  • Oi Halana, conheci o blog hoje e estou adorando!
    O único método contraceptivo que uso é a camisinha. Já cogitei colocar o DIU, mas sinceramente me incomoda a ideia de ter um corpo estranho no meu útero… E ouvi falar que ele não impede a subida dos espermatozoides como dizem, e sim impede que os óvulos se fixem na parede uterina. Ou seja, ocorre a fertilização mas o óvulo é descartado. Essa informação procede? Se sim, isso pode provocar alguma “confusão” no meu corpo?
    Ah, outro aplicativo muito bom pra acompanhar a menstruação é o Clue! É bem simples de usar, apesar de não ser tão detalhado quanto o OvuView, e ocupa pouco espaço no celular. Mas ando pensando em observar melhor as mudanças e fases do meu ciclo e migrar para o OvuView.
    Enfim, muito obrigada pelos textos, continuarei acompanhando o blog 🙂

    • Oi LU. O DIU atua provocando uma reação inflamatória dentro do útero mas também diminui a motilidade das trompas e dificultam a subida dos espermatozóides. Assim ele pode dificultar a fertilização do óvulo ou a fixação do ovo na parede uterina. Vou dar uma checada no Clue! Abraço e obrigada pelo comentário!

  • Olá!!

    Parei de tomar a pílula desde o ano passado e devido a endometriose meu médico me aconselhou botar o DIU com hormônio (mirena). Eu pesquisei sobre ele e não achei muita coisa a respeito…. Esses hormônios tem algum efeito negativo?

    Obrigada!!

  • OI, Halana!
    Estou querendo abandonar a pílula, também, e penso em engravidar, mas não agora. Mas não conheço ginecologistas que estejam dispostos a me fornecer informações sobre diafragma, por exemplo. Você tem algum contato em Minas Gerais ou até no Rio? Moro em Juiz de Fora e estou realmente tendo dificuldades para encontrar um médico ou médica que me atenda com paciência e abertura e não esteja vendid@ para as indústrias farmacêuticas.
    Por outro lado, estou indo a Portugal esse mês, e talvez lá seja mais fácil conseguir essas informações, né?
    Obrigada pela atenção e pelo blog!

  • Oi, Halana!
    Estou querendo parar de tomar a pílula também, e penso em engravidar, mas não no momento. Mas estou tento muita dificuldade em encontrar um ginecologista que me atenda com paciência e que me dê abertura para conversar sobre minhas escolhas. Eu tomava uma pílula e parei por conta própria, porque a minha libido e minha lubrificação ficaram muito reduzidas, e fui a um ginecologista indicado por uma amiga, e achei que seria uma boa idéia, mas ele me sugeriu testar uma pílula diferente, e demonstrou apenas os “lados ruins” de outros métodos, ao invés de ouvir a minha demanda por um método contraceptivo não hormonal, ou pelo menos mais localizado, como o DIU Mirena ou mesmo o anel vaginal. Estou tomando a pílula indicada por ele, mas continuo querendo parar com ela. Você tem algum contato em Minas Gerais ou mesmo no Rio de pessoas que estejam abertas a essas demandas? Moro em Juiz de Fora, mas estou realmente tendo dificuldade em encontrar um(a) médico(a) que não esteja vendid@ para a indústria farmacêutica. 🙁
    Muito obrigada pela atenção e pelo blog, principalmente!

  • Muito bom o texto.
    Vcs teriam alguma sugestão de “tratamento”/acompanhamento p/ mulheres c/ endometriose, q não seja o habitual hormônio?

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