policistico-post

Eu: “como posso te ajudar?”

Mulher: “bom, eu tenho ovários policísticos  e quando perguntei para minha médica o porquê, ela disse que eu teria que fazer medicina para entender…Me prescreveu uma pílula que não quero tomar. Por isso estou aqui.”

Infelizmente a narrativa de consultas sem espaço para diálogo ou informações é muito frequente. Então, para começar,  vamos partir do pressuposto de que toda mulher está apta a entender o que acontece com seu próprio corpo e que tutela e infantilização não tem mais espaço. O “tome essa pílula” ou “tome essa plantinha” para regular sua menstruação, podem ser faces diferentes  de uma mesma realidade: na maioria das vezes, as mulheres não são consideradas capazes o suficiente para entenderem aspectos importantes de sua fisiologia.  Não bastam portanto, tratamentos “alternativos”,  é preciso fazer uma limpa no discurso que transforma aspectos da vida em patologia.

Nesse texto pretendo contribuir para o entendimento do porquê tantas mulheres carregam um rótulo de SOP sem tê-lo. O que é preciso para um diagnóstico correto? De que problemas é preciso diferenciar? Quais são as linhas de tratamento convencionais e quando estariam indicadas? Quais são as possibilidades de tratamentos complementares e/ou alternativos?

Mudanças de estilo de vida serão suficientes para tratar a SOP de muitas mulheres. Outras precisarão de tratamento alopático. Mas a maioria das mulheres teve na verdade um diagnóstico equivocado de SOP.  Muitas dessas talvez precisem de uma ajuda para regular a menstruação ou melhorar a acne depois de terem parado a pílula. Esse texto é a tentativa de traduzir informação médica para que mulheres estejam em melhor posição para o diálogo com seus cuidadores. Sim, para os padrões atuais “um textão”…mas diante de tantos mitos e desinformação,  é preciso discutir tim tim por tim tim. Leve seu tempo.

Mas afinal, eu tenho SOP?

             Estima-se que a prevalência (presença de uma condição na população) de SOP seja de 6 a 10% das mulheres. No entanto, em torno de 80% das mulheres que atendo já receberam esse diagnóstico em algum momento de suas vidas. Será que todas as mulheres com SOP estão vindo parar em meu consultório? Provavelmente não. O que aconteceu foi que se introduziu entre um dos critérios para diagnosticar SOP a imagem dos ovários ao ultrassom, um exame realizado mais vezes do que deveria. Isso acaba tornando regra aquilo que deveria ser uma exceção. Algo que aliás, grade parte da medicina faz muito bem.

Para vários autores para haver SOP seria preciso:

  • Excesso de hormônios masculinos – verificados através da clínica (excesso de pêlos, acne, queda  de cabelo) e/ou de exames laboratoriais indicando excesso de hormônios masculinos (testosterona livre, androstenediona, DHEA).  Seus esparsos pêlos no queixo ou ao redor do mamilo, provavelmente não são o caso. Dê uma olhada na escala abaixo. Notas maiores do que 8 (avaliadas todas as regiões do corpo) é que começam a preocupar.
  • Disfunção ovulatória – ciclos menstruais com duração menor que 21 dias ou maiores que 35 dias. Ou falta de ciclos menstruais (amenorréia).
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Escala Ferriman-Gallwey para diagnóstico de hirsutismo (excesso de pêlos)

Há alguns anos, após reunião de especialistas, incluiu-se nos “Critérios de Rotterdam”, além dos dois itens acima, o aspecto do ovário ao ultrassom. A SOP começou a ser diagnosticada quando dois dos critérios abaixo estivessem presentes:

  • Excesso de hormônios masculinos
  • Disfunção ovulatória
  • Aspecto policístico ao ultrassom – Inicialmente através do achado de 12 ou mais folículos (medindo 2-9mm) na periferia do ovário ou ovário com volume maior do que 10cm3. No entanto, como esse achado está presente em muitas mulheres sem sintoma nenhum, já se recomenda que para diagnóstico de ovário com aspecto micropolicístico haja mais do que 25 folículos. Percebam que há critérios bem definidos. Agora busque lá seu ultrassom e veja se esses critérios estão presentes para que o laudo seja “aspecto micropolicístico”. Perceba que ter cistos no ovário não significa necessariamente ter síndrome dos ovários policísticos. Se você só tem a imagem ao ultrassom e não tem outros sintomas você não tem SOP.
ovario
Perceba que os cistos devem estar dispostos na periferia do ovário

Como irregularidades menstruais são comuns (nas adolescentes que ainda estão com a comunicação entre cérebro e ovários em desenvolvimento, nas mulheres que acabaram de largar a pílula); como o achado de cistos ovarianos é frequente  (todo mês vários folículos são recrutados dos quais somente um vai liberar um óvulo) e como se faz muito ultrassom “de rotina” desnecessariamente (algo que já discuti aqui) observamos uma verdadeira “epidemia” de SOP. Uma legião de mulheres carregando o rótulo de uma doença que pouco provavelmente tem…e pedindo autorização a médic@s para deixarem a contracepção hormonal.

SOP é na verdade um termo equivocado já que faz parecer que há um problema com os ovários, quando trata-se de uma Síndrome Reprodutiva Metabólica (nova nomenclatura proposta). Mas afinal, por que vou responsabilizar o estilo de vida (tão dependente de condições sociais e econômicas) se posso responsabilizar os ovários das mulheres e ter como solução a sagrada pílula?

E o que mais pode causar SOP?

  • Um aumento da resistência à insulina devido ao alto consumo de açúcar e gorduras trans, toxinas ambientais e tabagismo, o que aumenta também a produção de hormônios masculinos pelos ovários e glândulas adrenal
  •  Uma predisposição genética­ que faz com que haja uma falha na produção de hormônios e consequentemente no desenvolvimento folicular
  • Causas inflamatórias como estresse, toxinas ambientais, aumento da permeabilidade intestinal, alimentos inflamatórios como glúten e caseína
  • Deficiência de Zinco (?) é uma das causas apontadas pela naturopata Laura Briden

E o que acontece para o ciclo menstrual ficar irregular? Você acompanha seu ciclo? Entende os sinais que ele dá quando ovula?

ciclomenstrual

Nosso ciclo se inicia com o chamamento de folículos do ovário pela hipófise. (Detalhe: essas células reprodutivas já estão presentes em nossos ovários, todinhas, enquanto ainda estamos no útero de nossa mãe). Esses folículos crescem e produzem estrogênio até gerar um pico de LH que é responsável pela ovulação (e pelo aumento de temperatura que observamos nesse período e também pelo muco cervical tipo clara de ovo). O folículo roto transforma-se em corpo lúteo que continua produzindo estradiol e progesterona. A progesterona é baixa desde o começo do ciclo e só aumenta depois da ovulação (ela continua num patamar elevado e quando diminui, vem a menstruação. Podemos perceber isso observando a temperatura que deve manter-se elevada, acima da temperatura basal. Mulheres que tentam engravidar e não conseguem devem observar através do método sintotérmico se sua temperatura cai antes da hora, isso pode significar uma fase lútea curta). Quando o estradiol começa a diminuir, o FSH começa novamente a aumentar para novo recrutamento de folículos para o próximo ciclo. E a queda de progesterona vai fazer com que o endométrio (tecido que cresce todo mês por dentro do útero) descame na forma de menstruação. O sangramento que você observa quando usa pílula não é menstruação, mas um sangramento de “privação”. Ou seja, o estrogênio da pílula faz o endométrio crescer e parar a pílula (e também a progesterona contida nela) faz o endométrio descamar.

Mas voltando, ao nosso assunto o que acontece nas mulheres com sobrepeso e obesas (que são as maiores afetadas pela SOP) é que há conversão de hormônios masculinos na periferia do corpo (na gordura) em estrona (um tipo de estrogênio). Esse excesso de estrogênio inibe a produção de FSH, não havendo adequado recrutamento folicular. Assim não há pico de estradiol e consequentemente não há pico de LH, nem ovulação, nem formação de corpo lúteo e produção de progesterona. O endométrio cresce mas não há descamação. Sem ovulação não há menstruação…Essa anovulação crônica leva os folículos a ficarem dispersos na periferia do ovário e o endométrio a se proliferar.

Além da obesidade, há uma tendência à resistência à insulina, que contribui para estimular a produção de hormônios masculinos no folículo (e na glândula adrenal) e também diminui a SHBG, que é uma proteína do fígado que se liga nos hormônios sexuais. Quanto menos SHBG, mais testosterona livre. Assim, tudo culmina para um excesso de hormônios masculinos e mau funcionamento do ciclo menstrual. Importante ressaltar que mulheres com peso normal também podem ter aumento de resistência à insulina e SOP!

 Precisamos diferenciar SOP de outros problemas de saúde. Por isso outros exames podem ser necessários se você apresenta os critérios para diagnóstico de SOP (excesso de hormônios masculinos e disfunção da ovulação)

  • Hiperplasia adrenal congênita – um problema que leva a aumento de hormônios masculinos. Dosagem laboratorial de 17-0H progesterona pela manhã entre 3o e 5o dia do ciclo.
  • Tumor produtor de hormônios masculinos pelo ovário ou adrenal – aqui o que se observa é um aumento muito abrupto de hormônios masculinos levando a mudança de voz, pêlos, virilização dos genitais femininos. Quando há essa suspeita podem ser necessários exames de imagem.
  • Gravidez (!) – B-HCG
  • Excesso de prolactina – dosar prolactina
  • Hipotireoidismo – dosar TSH
  • Falência ovariana – por uso de medicações, doenças auto-imunes – dosar FSH
  • Falta de menstruação por ação do hipotálamo – estresse físico, como acontece com atletas, privação de alimentação (mulheres em situação de rua, desordens alimentares), uso de drogas, estresse emocional.

Como SOP é na maioria das vezes de origem metabólica é importante que se investigue a presença de resistência a insulina e isso pode ser feito com TOTG (um teste oral de tolerância à glicose).

Tratamento/Acompanhamento

Convencionais:

  • Se a mulher não deseja gestar e é heterossexual é preciso garantir uma forma de contracepção. Mulheres, não caiam no conto do vigário de que mulheres com SOP não engravidam ok? Podem ter mais dificuldade para engravidar, mas isso não significa que sejam inférteis. Todas as opções não hormonais são viáveis: DIU de Cobre, diafragma combinado a outros métodos, camisinha. Sim, a pílula também é uma OPÇÃO.
  • Mulheres que querem engravidar, além dos cuidados ligados à estilo de vida, podem receber medicação para induzir a ovulação
  • Para mulheres com hirsutismo (excesso de pêlos) pode-se propor a remoção mecânica de pêlos e a pílula anticoncepcional combinada. No entanto, há que se considerar algumas questões. A pílula pode aumentar risco cardiovascular, aumentar pressão arterial e triglicerídeos e ainda aumentar a resistência à insulina – a principal causa de SOP. Por isso é possível afirmar que a pílula além de não tratar SOP pode piorá-la a longo prazo.
  • Outra opção para mulheres com hirsutismo é usar uma espironolactona (um antagonista dos receptores de androgênio). Sempre associado a contracepção adequada já que pode causar má-formação fetal. Também é preciso cuidado com aumento de potássio no sangue.
  • A indicação de metformina, um medicamento que diminui hiperinsulinemia e testosterona está indicada para mulhers com SOP + Diabetes Melitus tipo 2 ou intolerância à glicose que não respondem à mudança de estilo de vida. Por isso é importante demais focar nesse aspecto.

             Aspectos ligados à mudança de estilo de vida e nutricionais

  • Reduzir consumo de açúcar (frutose inclusive). Mude o hábito de consumir sobremesa após as refeições. É preciso treino para largar o vício daquela sensação de satisfação logo após o doce. E há alimentos que podem ajudar nesse processo. Alimentos industrializados costumam ter muito açúcar escondido. Prefira descascar mais e desembalar o mínimo possível. Uma orientação nutricional com nutricionista que pense alimentação de maneira mais ampla (menos cardápio pronto com substituições e mais reflexão sobre a origem dos alimentos e segurança alimentar para nossa saúde e para a terra). Também pode ser um(a) profissional que atenda a partir de outros paradigmas de saúde como o Ayurveda e a Medicina Tradicional Chinesa. Suas visões sobre a alimentação terão outra qualidade para além da visão de carboidratos, glúten, etc.
  • Em mulheres com sobrepeso ou obesas a perda de peso de 5 a 10% parece ser o suficiente para regularizar menstruação
  • Dormir bem é crucial para bom metabolismo. Evitar o estímulo do computador e celular à noite. Alimentar-se mais cedo. Colocar um aroma gostoso no quarto. Deixar o quarto escuro e silencioso. Chá de Tília pode ajudar.
  • Regularizar funcionamento intestinal. Tomar um copo de água morna em jejum e garantir presença de boa flora com uso de kefir (de leite ou água). Prefira fermentados naturais aos próbioticos em cápsula, além de infinitamente mais baratos, servem como alimento e se fixam melhor ao intestino.
  • Tratar deficiência de zinco – Pode estar deficiente quando há consumo excessivo de álcool, uso de omeprazol, uso de pílula anticoncepcional, tireoideopatias, anti-hipertensivos. Sintomas da sua deficiência: perda de cabelo, dermatite, pontos brancos nas unhas. O zinco está presente nas carnes e ostras.
  • Suplementacão de magnésio. Este encontra-se em geral depletado pelo estresse e excesso de exercícios físicos. Está presente nas folhas verde escuras, legumes e castanhas.
  • A acupuntura pode ser um tratamento complementar importante.
  • A prática de yoga  promove o equilíbrio dos koshas (corpos anatômico, fisiológico, mental, intelectual e espiritual) e é especialmente benéfica para a regularização hormonal nas mulheres. Recomendo que conheçam o Iyengar Yoga, um método que promove consciência e intimidade consigo mesma através do alinhamento corporal. É uma prática que usa  ‘props’: suportes, faixas, blocos, almofadões e respeita muito os limites de cada corpo. Há também todo um cuidado com as posturas recomendadas para as mulheres durante seus diferentes momentos de ciclo menstrual e de vida.

Dúvida que não quer calar e uma das principais preocupações das mulheres que querem parar a pílula:

  • Acne pós-pílula: É normal que depois de tanto tempo sob regulação hormonal, suas glândulas sebáceas tenham sofrido o que chamamos de “up-regulation”, há um aumento delas e sem o controle da pílula, mais acne. Esse efeito rebote tende a melhorar em 3 a 6 meses. Outra questão é que durante o tempo em que você usou pílula, havia um controle químico da acne. Talvez você não se preocupasse por isso com sua alimentação, ou com cuidados necessários com a pele. Mas agora você vai precisar enfrentar a realidade de que nossa pele reflete em grande parte o que comemos. Por isso: reduzir o consumo de derivados de leite e açúcar, suplementar zinco, consumir berberina (presente em plantas como Hydrastis canadenses ou Berberis vulgaris), fazer máscara de argila verde para reduzir oleosidade da pele pelo menos uma vez por semana, consumir muita água, priorizar uma alimentação sem industrializados e toxinas.

É claro que essas informações não substituem uma consulta com profissionais de saúde habilitados(as) em cuidar de você. Mas podem contribuir para uma conversa mais franca e horizontal. Deixe seu comentário no blog. Gostaria de escutar suas experiências. Há outros textos por lá que podem te interessar.

Aqui alguns materiais para aprofundamento:

Policystic Ovary Syndrome – Clinical Practice – New England Journal of Medicine

Síndrome dos Ovários Policísticos – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – MS

Lara Briden’s Health Hormone Blog

Associação Brasileira de Iyengar Yoga

 

Halana Faria de Aguiar Andrezzo – Médica ginecologista e obstetra no Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde (São Paulo e Florianópolis)

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30 respostas a “Ovários Policísticos: informação para combater medicalização!”

  • eu sofro de problemas com acne, e desregulação da menstruação. tenho pêlos na lateral do queixo,na barriga e nas partes íntimas.minha pele é muito oleosa. ja usei um anticoncepcional chamado iumi,depois parei de usar por um bom tempo. depois comecei a usar outro chamado selene, que uma outra médica recomendou.todas falaram que eu sofro de SOP. Eu ja ouvi relatos de pessoas que sofreram por causa de anticoncepcional e acabou aparecendo problemas piores, to pensando seriamente em parar de tomar o anticoncepcional, e usar métodos naturais.

  • eu sofro de problemas com acne, e desregulação da menstruação. tenho pêlos na lateral do queixo,na barriga e nas partes íntimas.minha pele é muito oleosa. ja usei um anticoncepcional chamado iumi,depois parei de usar por um bom tempo. depois comecei a usar outro chamado selene, que uma outra médica recomendou.todas falaram que eu sofro de SOP. Eu ja ouvi relatos de pessoas que sofreram por causa de anticoncepcional e acabou aparecendo problemas piores, to pensando seriamente em parar de tomar o anticoncepcional, e usar métodos naturais.

  • Super completo e traz coisas que eu tive que ler na internet porque médico nenhum me explicou.

    Eu fiz o trajeto reverso, 2 ginecologistas não me diagnosticaram com SOP porque eu não tinha o padrão policístico no ovário, mas tinha os outros sintomas. A primeira endócrino que eu fui me pediu um milhão de exames que eu não fiz porque se fosse SOP ela ia me passar ac sendo que eu tinha enxaqueca com aura e ainda me disse que não era problema na insulina porque eu era magra. Um monte de meninas com SOP e RI me disseram que magreza não tinha nada a ver com isso. Fui numa nutróloga… ela não queria me passar os exames pra ver o problema na insulina porque meu HOMA-IR deu normal e de novo porque eu era magra. Briguei. Saí de lá com o pedido dos exames. Curva glicêmica deu hipoglicemia reativa (10 anos com sintomas, aliás) e a insulínica não entrou como RI porque o valor de referência era muito alto, mas com meus 173 de pico sei que tbm tenho. Fui num novo endócrino, mostrei primeiro os exames e ele me disse da hipoglicemia, da dieta e tal e depois joguei a bomba da SOP, ele me explicou exatamente desse modo de diagnosticar SOP que eu tbm já havia lido sobre, e então decidimos ficar só na dieta mesmo.

    Parece que quando você é uma mulher magra com SOP é muito mais difícil de controlar os sintomas do que uma mulher com sobrepeso. Passei da low carb pra cetogênica. Eu já tava tão cansada dos médicos acharem que eu não entendia do meu corpo que um belo dia cheguei na nutri e disse “Vc sabe q eu conheço o meu corpo melhor do q ninguém, né? Que eu convivo com ele há 25 anos?” qndo eu obtive uma resposta positiva, eu disse que ia parar de comer frutas porque eu tinha certeza que eram elas que estavam travando a diminuição dos pelos. Foi o que deu uma melhorada e fez o meu corpo mudar. A hiperandroginia diminuiu e minha bunda (eu era uma tábua) e coxas finalmente cresceram, eu comecei a sentir a ovulação e o ciclo passou para 35 dias certinhos. Agora comecei exercícios de condicionamento e o corpo começou a mudar de novo e os pelos da barriga diminuíram e afinaram bastante. É um passinho de cada vez, mas todas as tomadas de decisões são feitas por mim porque médicos nunca me ajudaram. Mas o poder que eu tenho sobre mim mesma e os resultados que isso me dá vale muito a pena.

  • Nossa, excelente texto! Eu fui diagnosticada com SOP fáz mais de 2 anos. Eu tenho muitos pelos, acne e uma menstruação que vinha a cada 3 meses mais ou menos. Eu sempre fiquei incerta sobre o SOP pq nunca fiz a USG para ver os ovários, mesmo assim o selene e a espironolactona me ajudam muito!
    O que mais me traumatizou nessa doença foram os pelos e a acne mais na linha da mandíbula, eu me sentia horrível e menos mulher. A acne não resolveu 100%, mas nada se compara ao antes, e os pelos tenho que fazer depilação pelo menos no rosto todo mês, é uma tortura.

  • Texto muito esclarecedor, no entanto, deve se lembrar que para a maior parte da população (me incluindo) é impossível gastar com acupunura, exames e remédios. Infelizmente o buraco é muito mais embaixo.

  • Eu li a matéria e acho que dei sorte, tenho a síndrome e a médica me prescreveu um anticoncepcional (que não vou mencionar o nome pra não influenciar), já faz 7 anos que tomo e foi a melhor coisa na minha vida, minha acne desapareceu, minha pele virou um pêssego, mas quanto aos pêlos não tive esse problema.

  • Eu fui diagnosticada com SOP desde novinha, tentei vários tratamentos, tinha muita acne, sempre c sobrepeso, atrasos menstruais de até 3, 4 meses, dor no período da ovulacao,ovários c.muitos cistos no ultrassom, entre outras coisas, depois q tive meu filho, somente alguns anos depois comecei a usar anticoncecional, e mesmo c anticoncepcional, nas pausas, a menstruação atrasava, e Hj faço uso contínuo, os sintomas praticamente sumiram, somente o sobrepeso q é a luta, controlo alimentação faço exercícios, mas é dificil, descobri uma certa resistência ao glúten e por isso cortei, mas sinceramente tenho receio em parar os remédios, já tenho 47 anos e uso há muitos anos…

  • Tomei ac por 7 anos e, depois de um caso de trombose na família, decidi suspender. Aí começou meu calvário. Menstruação totalmente desregulada, passei quase um ano e meio sem menstruar, esperando normalizar naturalmente. Muitos pelos no rosto e muita queda de cabelo. Acho q mais da metade do meu cabelo caiu. Fui a GO, fiz varios exames (que não deram nada, mas baseado nos sintomas clínicos, ela diagnosticou SOP) e comecei o tratamento com a Metformina. Tive diarréia com ela, e a médica decidiu trocar pela espironolactona. Com ela, a menstruação regulou, mas os pelos não sumiram, nem meu cabelo voltou a crescer. No entanto, é só parar de tomar a espironolactona que tudo se desregula novamente. Eu ando muito pra baixo com tudo isso. A minha vontade é ir lá e pedir um ac de novo. Esses sintomas minaram por completo minha autoestima, pra mim isso é o pior dessa doença (sim, chamo de doença, pq há anos lido com isso com muito prejuízo emocional e físico e não vejo melhora). Eu amava meu cabelo, que caiu mais dá metade e agora tem falhas enormes. Meu rosto se encheu de pelos grossos, eu fiz algumas sessões de laser, mas é muito caro e não pude fazer mais, então eles ainda estão aqui, me deixando masculinizada, com o rosto cheio de mancha de depilação, melasma e o escambau. Minha autoestima que nunca foi boa, depois da SOP, foi pro subsolo. Me arrependo sempre de ter parado o ac, não fosse esse caso de trombose, já teria voltado. Desculpem o relato-desabafo, mas é muito difícil lidar com as consequências dessa síndrome. Sonho com o dia que voltarei a ter minha pele com pelos aceitáveis e não grossos que pinicam o rosto e boca de quem me beija e abraça, e meu cabelo cheio.

  • Dra, parabéns pelo texto, ganhou mais uma fã! Eu tenho SOP pelos critérios de Rotterdam e descobri há 7 anos, no auge da minha adolescência e após 2 tratamentos de isotretinoína, o contraceptivo oral combinado mudou a minha vida – tento aplicar bons hábitos de vida também.
    Agora, surgiu-me uma dúvida: um professor afirmou categoricamente a necessidade do uso de ac oral em pacientes com SOP para previnir a infertilidade que se pode ter devido a um espessamento da cápsula ovariana. Essa afirmação é verdadeira? Além disso, como ocorreria esse suposto espessamento da cápsula ovariana?
    Outra pergunta: o câncer de endométrio, que tem mais probabilidade nessas pacientes, poderia ser evitado com essas medidas gerais pelo controle da SOP, sem a real necessidade do ac?
    Desde já, obrigada!

  • Quero muito agradecer pelo texto postado!! Sempre quis encontrar um texto que explicasse em detalhes o que é a SOP e o porquê dos fenômenos observados!! GRATIDÃO!!! Já desconfiava que a alimentação era um ponto chave. Agora o meu maior desafio será lutar com os maus hábitos.

  • Ótimo texto! Mais esclarecedor que a maioria das consultas médicas, infelizmente.

    Fui diagnosticada com SOP, mas hoje penso que foi um diagnóstico errado. Nunca tive excesso de pelos, nem queda de cabelo, e nem mesmo um ciclo tão desregulado. O sobrepeso entretanto quase que sempre me acompanhou, e a acne também, mas apenas durante a semana que antecede a menstruação.

    Tomei Selene por pouco mais de 1 ano e perdi praticamente 10kg (tenho 1,55m), perdi o anseio de comer por compulsão. Minha TPM praticamente desapareceu, assim como a acne. Foi maravilhoso. A médica havia recomendado uma dieta mais semelhante a de um diabético, mas na empolgação com a perda de peso rápido, acabei piorando a alimentação.

    Entretanto, nos últimos meses minha acne tem voltado, minha TPM também, e engordei 8, dos 10kg perdidos! Há pouco menos de 2 meses eu tenho melhorado minha alimentação e treinado com frequência, mas nenhum kg a menos.

    Troquei o anticoncepcional Selene pelo Yasmin há 1 semana, e minha acne aumentou, coisa que nunca havia acontecido.
    Não tenho condições no momento de voltar ao médico, pois estou em uma viagem de trabalho no sertão, e vou demorar mais 2 meses.
    Antes de vir, fiz uns exames e aparentemente está tudo OK. Não há mais ovários policísticos. E os de sangue estão dentro da média que é apresentada.

    Como não mantenho relações sexuais com homens, penso em romper com o anticoncepcional imediatamente e observar como meu corpo se comporta. Será que faço bem? Tenho receio de continuar engordando, mesmo melhorando a alimentação e treinando mais. Não quero! Isso acaba com minha auto estima.

    Desde já, muito obrigada.

  • Parabéns, um dos textos mais completos que já li na internet, apesar de alguns pontos ainda a desejar. Tenho Sop diagnosticada desde a adolescência, pelos em excesso por todo corpo, principalmente barba, ciclo menstrual irregular ( até 6 meses sem menstruar), dificuldade para engravidar. Sempre fui tratada apenas com anticoncepcional, por mais de vinte anos e em diferentes médicos. Sem alterações na tiróide, sem resistência a insulina. Mas o peso, que era normal, até vinte poucos anos, foi só aumentando e hj estou obesa. O anticoncepcional que vc indica no texto quase me matou, e por isso fico preocupada com essa indicação médica, pois me causou embolia pulmonar sem ter trombose aparente. Silenciosamente tive sem dor nenhuma no corpo falta de ar, fiquei 4 dias no CTI, e tomei anticoagulantes por 6 meses, exames negativos para trombofilia. Hoje, trato apenas com espironolactona, vitamina D é polivitaminico( indicação da ginecologista) , e reeducação alimentar, (endocrino) mesmo minha alimentação normal não fugindo ao indicado, chá de uxi amarelo e unha de gato (por minha conta). Não tenho diabetes,
    Nem colesterol, nem outro problema de saúde. Tive reação ao glifage, não aguento tomar.Outros textos que li na Internet falam do magnésio e inositol, mas não achei ainda nenhum médico que saiba tratar assim SOP, e olha que nestes últimos dois anos já fui em 4 endócrinos. Vejo que a SOP é um ponto obscuro na medicina. Fico aflita, pois meus ovários continuam crescendo, e tenho muito medo de suas complicações além da amenorreia.

  • Fui diagnosticada com SOP ainda na adolescência, “tratei” por longos anos com Diane e Selene. Sempre tive excesso de pelos, queda de cabelo, acne e ovários com aspecto micropolicistico. Também tenho tireoidite de hashimoto. Ano passado fiz indução de ovulação para engravidar e agora com a amamentação mudei minha alimentação com exclusão do glúten e lactose. Minha pele melhorou sensivelmente como nunca antes. Cada vez mais me convenço que são os hábitos de vida que podem nos curar ou melhorar significativamente os sintomas dessa “doença”.

  • Enriquecedor!! Fui diagnosticada com microcistos, ainda não comecei o tratamento, mas já ouvi de duas médicas que o tratamento é com anticoncepcional, mas também tenho problemas de circulação, quase trombose, o uso de anticoncepcional agravaria o problema? Dúvida cruel..

  • Tive minha primeira menstruação aos 13 anos e fiquei alguns meses sem menstuar, só voltando a menstruar com 14 anos de novo, porém a menstruação era muito desregulada ficando vários dias com aquele corrimento marrom. Fui na ginecologista aos 15 anos e ela deu diagnóstico de SOP e logo me passou anticoncepcional, mas não tomava direito na época, ficava sem tomar alguns meses, esquecia, tomava duplicado. Mas de dois anos e pouco venho tomando certinho porque já tenho vida sexual ativa e não quero engravidar, o anticoncepcional não trouxe malefícios nenhum pra mim até agora. Atualmente estou com 19 anos e tenho dúvida em continuar com o anticoncepcional(tenho medo dos malefícios do uso estendido do remédio) ou trocar para outro método contraceptivo, o que devo fazer?

  • Oi Halana! Texto muito bom, obrigada! Em 2012, fui diagnosticada com SOP pelo padrão micropolicístico na USG mas não tinha alterações menstruais (ciclos eram de 30 dias), não tinha acne nem pêlos em excesso, mas o cabelo caia muito. Por causa disso, foi prescrito anticoncepcional e na época usei pois queria evitar filhos. No ano passado, parei o anticoncepcional e fiz exames hormonais (nenhum alterado, segundo o médico). Esse ano fiz USG e os benditos cistos reapareceram 🙁 uso percepção da fertilidade e até então acompanhei 12 ciclos variando de 28 a 38 dias com fase lútea consistente (14 a 16 dias). Só comecei a verificar temperatura basal em janeiro mas em todos vi um padrão bifásico no gráfico e seguindo as regras do método confirmei ovulação, além disso observo o muco cervical e sempre tem o muco clara de ovo. A minha dúvida é com relação ao que você acha do método sintotermal para confirmar ovulação, pois quando falei para a ultrassonografista que eu acreditava estar ovulando ela duvidou de mim já que ela visualizou os micropolicistos no ovário. Desde esse dia fiquei bem insegura com o método por achar que talvez estivesse tendo ciclos anovulatórios. Desde já agradeço a atenção. E parabéns pelo blog, as postagens são muito boas mesmo!

  • Olá!
    Tenho 32 anos, faço uso de anticonepcional há mais de 10, pois minha menstruação sempre foi desregulada. Mas só tive o diagnostico de sop há uns 5-6. Nesses anos todos, já tomei mais de uma marca de ac. O ultimo, era o diane 35. Esse ano, fiz uma cirurgia no nariz e, levei anestesia geral. Em março, senti queda no cabelo. Fui numa endocrinologista, que entre os exames me solicitou tireoide, achando que a queda de cabelo era por esse motivo, mas a tireoide baixou de 4,46 para 2,88. Desde então, estou tomando Glifage XR 500mg. Estava com um comprimido por dia e, tinha parado o ac. Minha menstruação está sem vir desde maio. A ultima menstruação havia sido pouco antes da 1a consulta pós inicio com glifage. Comentei com a medica sobre minha menstruação ter vindo MUITO pouco e só dois dias e, ela disse que costuma diminuir com os anos. Tive consulta semana passada e, ela sugeriu uma dose maior de glifage por um mês. Mas nao estou sentindo nada de diferente.
    Minhas dúvidas quanto ao texto são:
    – O que seria virilização dos genitais femininos ?
    – Qual a relação do zinco e magnésio numa pessoa com SOP ?
    Grata;
    Catherine

  • Muito útil esse post!Faço uso de anticoncepcional há aproximadamente 15 anos e numa conversa com minha ginecologista cogitei a possibilidade de interrupção, porém fui desencorajada. Inicialmente, o uso foi indicado por uma endocrinologista que me indicou com SOP. Atualmente é inciado para suprimir a menstruação, pois como sou vegetariana meu fluxo intenso geraria anemia, além do aparecimento de acne. O aparecimento da acne foi resolvido com a troca da marca da pílula. Todas as coisas que mencionei, ao ler mais sobre o assunto, penso poderem ser conversadas e passíveis de alternativas. Porém é muito difícil encontrar profissionais abertos a outras indicações, além da pílula. Mesmo alegando inúmeros casos de trombose na minha família materna, a médica não avaliou como fator de risco. Me chamou atenção quando falou do uso propriamente contraceptivo, como se não houvesse alternativas, que pesquisando melhor, vejo serem possíveis. Vocês no blog, conhecem ginecologistas na região de Juiz de Fora ou até mesmo no Rio que tenham uma outra perspectiva do corpo feminino e dos métodos indicados?

  • Oi doutora, pode me ajudar? Fui a muitos ginecologistas que nem me ouviram e já preescreveram pilula sendo que tenho enxaqueca com aura.

    Tenho ovários policisticos, mas mentruo pontualmente todo mês, não tenho pelo nem queda de cabelo e minha hemoglobina glicada está normal.

    No entanto meu último ultrassom mostrou que mesmo assim meus ovários estão com 17 cm de volume, e a médica disse que isso por si só era perigoso e a pilula era minha única opção para descansar o ovário e diminuir esse aumento.

    Isso é verdade? Devo me preocupar com o tamanho do ovário se não tenho outros sintomas? A pilula nesse caso é a única opção válida?

  • Olá.
    Fui diagnosticada com SOP há 5 nos mais ou menos, desde então usava anticoncepcionais, passei por alguns, como Selene, Tãmisa 20 e Tâmisa 30. Fiquei quase um ano utilizando o tâmisa 30 e comecei a notar que não estava me sentido bem: muito cansaço, sono, desânimo, fraqueza, enfim, resolvi procurar um endocrinologista. Fiz o exame e deu que minha testosterona estava muito baixa, abaixo do normal para mulheres na menopausa (tenho 27 anos). Então, antes de tentar o tratamento com reposição de testo, meu ginecologista disse para eu suspender o anticoncepcional, que provavelmente ele que causou a queda da testo. Há um mês suspendi a pílula, porém aumentaram as acnes, tive espace menstrual por quase 10 dias e meu cabelo tem caído muito! Voltei ao endocrinologista e ele me disse que não tem o que fazer, que terei que optar por qual tratamento fazer: SOP ou testo. Estou perdida!
    Não sei se consigo tratar a SOP sem o uso de anticoncepcionais, o que mais me preocupa é a queda de cabelo, pois caí muito e já perdi 2/3 de cabelo.
    Ficaria muito agradecida se me ajudasse.

  • Sofro de ovários policísticos desde a adolescência, nunca menstruei sem a ajuda de anticoncepcionais. Estou tentando seguir um estilo de vida saudável e me livrar da pílula, mas tenho medo de ocorrer algum problema devido à falta de menstruação que a ausência da pílula provoca, saberia me informar se ficar sem menstruar me ocasionaria algum risco?

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